No jornalismo muitas histórias de pessoas parecem iguais, porque não são verdadeiramente histórias de pessoas, são rótulos, não valem por elas mesmas, servem apenas para ilustrar “factos”. É “a família em crise”, “a pessoa deprimida”, “o doente com Alzheimer”.
Há histórias de pessoas que não caem em categorias e que não precisam de pretextos de actualidade para serem importantes. Valem por si mesmas.
Tornei-me jornalista porque queria conhecer pessoas diferentes de mim, quanto mais diferentes melhor. Acredito firmemente que uma das magnas funções do jornalista – e foi talvez o que me fez querer ser jornalista – é também a de aproximar quem lê de vidas diferentes das suas, a de criar empatia com quem não é próximo do leitor.
O que tem em comum esta minha selecção de textos? O tocar em vidas singulares, individuais, íntimas, peculiares, especiais. Particulares. É o que procuro nas histórias que gosto de contar, nas histórias que me motivam a querer contá-las, muitas são histórias que me comoveram.
Há pessoas desconhecidas que não sabem que as suas vidas comuns são incomuns. Muitas das pessoas que fui encontrando não faziam ideia que as suas vidas tinham algo de singular, que davam um artigo de jornal, que até davam mais do que isso. Há pessoas que não sabem que as suas são vidas particulares.
Esta é uma ínfima parte das centenas de textos que escrevi ao longo de quase 20 anos como jornalista. Estes tiveram importância, foram os que me ficaram na memória.
Os textos que aqui vos mostro foram originalmente publicados no jornal Público, mas estas são versões editadas, aperfeiçoadas, nalguns casos encurtadas, a partir dos textos originais, cujos pdfs e links junto em anexo. Despi-os de datas, são textos que gosto de pensar que conseguem viver além dos dias em que foram publicados.